Copom anuncia 2º corte seguido na Selic, e juros caem a 13,75% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica da economia brasileira pela segunda vez seguida nesta quarta-feira (30), de 14% para 13,75% ao ano, um corte de 0,25 ponto percentual. A decisão, unânime entre presidente e diretores do BC, veio no mesmo dia em que o IBGE divulgou que o Brasil continuou em recessão no terceiro trimestre.
Com o novo corte na Selic, os juros recuaram ao menor patamar desde o início de junho de 2015, quando estavam em 13,25% ao ano, ou seja, em cerca de um ano e meio. Entretanto, segundo levantamento feito pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management (veja mais abaixo), o país ainda lidera o ranking mundial de juros reais.
A decisão do BC ficou dentro da expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro, que há algumas semanas apostava num corte maior na Selic, de 0,50 ponto percentual, mas mais recentemente reduziu para 0,25 ponto percentual devido à vitória de Donald Trump. O resultado das eleições nos EUA espalhou incertezas nos mecados, gerou alta do dólar e queda da bolsa nas economias emergentes.
Os analistas das instituições financeiras preveem que o Copom continuará a reduzir a Selic nos próximos meses, chegando a 10% ao ano em abril de 2018.
O que diz o Banco Central
O Copom informou que entende que a “convergência da inflação” para a meta central de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos de 2017 e 2018, é “compatível com um processo gradual de flexibilização monetária [corte de juros]”.
Segundo o BC, suas projeções indicam um IPCA – a inflação oficial – ao redor de 6,6% para este ano e entre 4,4% e 4,7% para 2017. Para 2018, a estimativa varia de 3,6% a 4,6%.
Para 2016, 2017 e 2018, a meta central de inflação, determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 4,5%. Entretanto, o sistema prevê um piso e um teto, que é de inflação em 6,5%, em 2016, e em 6% em 2017 e 2018.
A instituição acrescentou que a “magnitude da flexibilização monetária e a intensificação do seu ritmo” [de redução da taxa básica] dependerão das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco.
“Nesse sentido, o Copom destaca que o ritmo de desinflação nas suas projeções pode se intensificar caso a recuperação da atividade econômica seja mais demorada e gradual que a antecipada. Essa intensificação do processo de desinflação depende de ambiente externo adequado”, acrescentou.
Segundo o BC, indicadores sugerem “atividade econômica aquém do esperado no curto prazo, o que induziu reduções das projeções para o PIB em 2016 e 2017”. “A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica pode ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente”, informou.
A instituição avaliou também que a “inflação recente mostrou-se mais favorável que o esperado, em parte em decorrência de quedas de preços de alimentos, mas também com sinais de desinflação mais difundida”.
Por outro lado, o BC avaliou que “sinais de pausa” no processo de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária (definição dos juros) persistem, o que pode sinalizar “convergência mais lenta da inflação à meta”; e que o processo de aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários (PEC do teto e reforma da Previdência) na economia é “longo e envolve incertezas”.