Cooperativas de crédito terão nova segmentação pelo Banco Central
A nova segmentação foi anunciada ontem pelo presidente do BCB, Alexandre Tombini, durante evento que reuniu em Brasília, as principais lideranças do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo. A intenção é segmentar as cooperativas por perfil de risco.
Este é o teor da Resolução nº 4434/15, editada pelo BCB e publicada hoje no Diário Oficial da União. O texto do normativo foi submetido à consulta pública, no ano passado e contou com intensa participação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), por meio de seu Conselho Consultivo do Ramo Crédito (CECO), que enviou diversas contribuições.
“No geral, acredito que o cooperativismo tem muito a celebrar. Mesmo que algumas de nossas sugestões não tenham sido acatadas, o teor da Resolução atende muito bem ao setor, colaborando para que o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo continue em seu crescimento exponencial com a solidez e segurança necessárias para atingirmos a meta de, em dois anos, termos 10 milhões de cooperados. É um desafio, mas as cooperativas têm condições de alcançar esta marca”, comenta o coordenador do CECO, Celso Regis Ramos.
De acordo com o Banco Central, com a mudança as cooperativas serão enquadradas nas categorias plena (que podem praticar todas as operações), clássicas (que não podem ter moeda estrangeira, operar com variação cambial e nem com derivativos – instrumentos do mercado futuro – entre outros) e as de capital e empréstimo (que não poderão captar depósitos, sendo seu "funding" apenas o capital próprio integralizado pelos associados).
PRAZO – O enquadramento será realizado com base nas informações de balancetes já apresentados ao banco. Quando a cooperativa receber a indicação de sua categoria terá, também, um prazo de 90 dias para concordar ou solicitar a revisão da classificação.
SOBRE O SETOR – O cooperativismo de crédito se constituiu com a importante missão de ser instrumento de organização econômica da sociedade. O que se propõe não é o lucro, mas a inclusão financeira de milhões de pessoas no mundo, independentemente da origem, atividade econômica ou classe social. Ao longo do tempo, conquistou a confiança e provou ser um modelo sustentável e moderno. Hoje, atuam 57 mil cooperativas de crédito em 103 países, reunindo 208 milhões de pessoas.
Estes números representam instituições financeiras que além de oferecerem produtos e serviços ao mercado, trazem aos associados a possibilidade de serem donos do negócio e não apenas clientes. No Brasil, a visão de sustentabilidade do cooperativismo de crédito ganha uma importância maior com o atual momento do cenário econômico.
Os associados têm confiança na solidez do nosso modelo de negócio e, neste cenário com elevação da taxa de juros, um contexto internacional turbulento e ações em curso para ajustes na política econômica do país, o cooperativismo de crédito se sobressai e mantém-se em curva ascendente de indicadores.
Segundo dados da OCB, a base de associados do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) teve um crescimento de 171%, de 2006 a 2014. Em relação ao volume de ativos, o total no período analisado aumentou em 590%, alcançando a cifra de R$ 143,6 bilhões em 2014.
Entre a crise financeira mundial, em 2009, e o início da estabilização do Sistema Financeiro Nacional, em 2011, o cooperativismo de crédito deu um salto no volume de ativos de R$ 37 bilhões para R$ 58 bilhões – quase dobrando de tamanho. O volume de operações de crédito teve crescimento total no período de 483%, o que representa, em média, um aumento ano a ano de 60,3% nas operações das cooperativas de crédito.
Fonte: Sistema OCB/MS